segunda-feira, 23 de junho de 2008

Se Deus é brasileiro, não fala português.

"Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu."
Vossa. Vossa? Tua? Tu tens? Sabeis? Vós???
Só pra começar, a língua portuguesa praticamente perdeu as segundas pessoas. Ainda que sulistas e santistas chatos usem o "tu", nunca conjugam direito. Então taí um idioma que Deus não falaria. Na real, pra piorar um pouco, o "tu" deveria ser usado como uma forma coloquial de tratamento, né? Isso quer dizer que todo mundo nas histórias da Bíblia era tudo truta. Tudo brother, camarada.
"na terra", "no céu"... tudo isso provavelmente deve ser menos ambíguo em qualquer idioma anglófono. existe uma grande diferença entre sky e heaven que o português não contempla. A ponto das pessoas olharem pra cima quando pensam no firmamento.
No meio de tantas ambiguidades, problemas de tradução ou interpretação, me pergunto se o monoteísmo também não é fruto de um entendimento errado das escrituras. Essa coisa de "Existe um criador, um algo maior do que o mundo que vemos e o universo e blá blá blá" - E se por acaso este "UM" se tratasse não de um numeral, mas de um artigo indefinido? E a intenção não fosse dizer "Existe UM criador", mas sim "Existe algo único ou um grupo que eu não sei bem o que é, doravante Criador...".
Talvez o criador não seja um... talvez sejam 17... o fato é que, especulação por especulação, dezessete deuses é um número assaz apropriado. E não quer dizer que cada um é responsável por uma parte da criação, nada disso. Só são dezessete. Nem se conhecem, talvez, não importa. Talvez sejam dezessete, mas dois deles são criadores-mirins...
Absurdo? tanto quanto. Aliás, não. Prefiro dizer: Relevante?? Tanto quanto.

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